Direito à cidade e debate eleitoral


Direito a cidade não se resume ao direito a “viver tranquilamente na favela” onde se nasce. Embora isso seja um direito que não tem sido garantido tanto relativamente a insegurança de alguns desses espaços quanto ao risco que correm edificações em áreas precárias e ainda devido remoções a que tem sido sujeitos alguns de seus moradores sempre que o capital precisa de seus espaços.
“Viver tranquilamente na favela” onde se nasce mantém cada um no seu quadrado. Viver e usufruir a cidade toda é o que o movimento de reforma urbana conseguiu emplacar na constituição de 1988 e no Estatuto da Cidade, dentre esses direitos que abrangem todos os cidadãos sem distinção de classe, origem ou qualquer outra distinção estão: a acessibilidade a moradia, a serviços e equipamentos urbanos, patrimônio cultural e ambiental, que inclui direito ao centro histórico, à natureza, direito também a gestão democrática da cidade. A Constituição e o Estatuto da Cidade encaminha instrumentos jurídicos para garantia desses direitos como regularização fundiária e urbanização de assentamentos precários, participação popular direta na elaboração e implementação da política urbana. Sim participação popular na gestão e no planejamento!!!
Na fala do candidato a prefeito de Vitória, ES, Luis Paulo, quando reclama do investimentos em determinadas áreas em detrimento de outras por parte da atual gestão: Ou seja investimento na Praia de Camburi e na Fábrica 747 em vez de implementar obras em São Benedito, coisa que ele também não fez nos seus 8 anos de gestão. Luis Paulo ignora alguns fatos: o PAC Assentamentos Precários do governo federal investiu e investe, valores sem precedentes ‑ as obras ainda estão em andamento em todas Poligonais (e em assentamentos precários de todos os municípios brasileiros independente do partido do prefeito) implementando obras de infraestrutura e outras melhorias. No cômputo desses valores estão obras de saneamento, setor que nenhum outro governo federal investiu.
Outra ignorância, que já é velha neste candidato, é quanto ao direito à cidade. Há um episódio lamentável em sua gestão ligada à Chácara Von Schilgen, que hoje ostenta 3 prédios de luxo, com uma praça pública escondida atrás. Este lugar poderia ter sido um jardim botânico ou coisa mais pública, mas não é. A época de decidir o destino da chácara, o prefeito alegou que a Praia do Canto já tinha bastante praça pública (?!!!). O direito a cidade confirma que os espaços públicos da Praia de Camburi e da Praia do Canto, assim como do centro principal, são espaços da cidade e não espaços exclusivos aos seus moradores, ao mesmo tempo, que os lindos espaços públicos de Andorinhas, da Ilha das Caieras; a sublime vista do Mirante de Jaburu e a APA de São Benedito também são patrimônio da cidade inteira, da região metropolitana e do Brasil.
Na fala do candidato, ouvida no último debate, uma fala que parece tão bem intencionada, traz embutida a ignorância quanto ao direito à cidade e uma “ética” de manter cada um no seu quadrado.

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