A reprodução social

Em a reprodução social, Dowbor disserta sobre os fatores de produção. Em qualquer empresa, a produtividade resulta de uma adequada combinação de fatores tais como: capacidade de trabalho, equipamento, matéria-prima, articulados em função de um objetivo. A definição do objetivo assim como a correta combinação de fatores de pende de conhecimentos.
Na produção manufaturada e industrial o fator energia, incluindo a da mão de obra, já foi essencial, ou seja a produção era intensiva em trabalho. Hoje o fator essencial da produção é o conhecimento intensivo.
A combinação de fatores visa elevar a produtividade social – envolve os diversos universos tecnológicos, as exigências técnicas de diversos setores de atividades e os diversos impactos sobre a sociedade. A questão é de inteligência social. O bom funcionamento da sociedade não está contemplado em nenhuma teoria econômica. Nada substitui o bom senso que deve prevalecer nas decisões.
Isso faz recordar a citação de Eliot feita por Edgar Morin sobre a escala entre: informação, conhecimento e sabedoria.
T. S. Eliot dizia (citado por Morin): “onde está o conhecimento que perdemos na informação?” as informações constituem parcelas dispersas de saber. Em toda parte, nas ciências e na mídia estamos afogados em informações. Cada vez mais a proliferação de informações escapa ao controle humano. Os conhecimentos fragmentados servem para usos técnicos.  Mas a situação humana no âmago da vida, na terra no enfrentamento dos grandes desafios de nossa época exige sabedoria. Daí o sentido da frase seguinte de Eliot (diz Morin): “Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?”

Para as classes dominantes os gastos sociais são um “luxo” e elevam os “custos Brasil”.
A importância do conhecimento nos processos de reprodução social nos coloca desafios que não estamos acostumados a enfrentar: trata-se não só de adquirir o conhecimento mas de assegurar sua reprodução, circulação, generalização nos diversos setores da sociedade. A questão não é mais o monopólio dos meios de produção mas o controle do conhecimento. (Dowbor, op. cit, p. 102). Na realidade, é preciso constatar que o mercado não é um bom alocador de fatores de produção (idem).
Edgar Morin critica os saberes separados, fragmentados, compartimentados em disciplinas para enfrentarem problemas cada vez mais multidimensionais, complexos, planetários. Em tal situação tornam-se invisíveis: Os conjuntos complexos; As interações e retroações entre partes e o todo; as entidades multidimensionais; os problemas essenciais. A especialização se fecha em si mesma e impede de ver o global (que ela fragmenta), bem como o essencial (que ela dilui). Tudo é tecido junto, é complexo. Para Morin o conhecimento progride não tanto por formalização e abstração, mas pela capacidade de contextualizar e englobar.

Referências:
DOWBOR, Ladislau. A reprodução social. Ed Vozes, 2002
MORIN, Edgar. Cabeça Bem Feita. Bertrand do Brasil, 2002.

postagem Clara

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