gentrificação

DE VOLTA A CIDADE (CATHERINE BIDOU-ZACHARIASEN)

Este texto resulta da leitura do capítulo referente à apresentação do livro “De Volta a Cidade: dos processos de gentrificação às políticas de “revitalização” dos centros urbanos”, escrito por Helena Menna Barreto Silva cuja organização foi feita por Catherine Bidou-Zachariasen. Os textos discutem os efeitos das políticas que foram adotadas a fim de requalificar os centros antigos das cidades. Na introdução Catherine B. discute o importante papel das políticas voltadas para as questões habitacionais na reabilitação dessas áreas.

A autora Helena Menna Barreto Silva diz que, a partir da década 80, em consonância com cenário internacional, começou a haver no Brasil a preocupação com a conservação dos seus centros históricos. Esta onda de intervenções segue os exemplos das reformas efetuadas pelos países da Europa e da América do Norte em especial os Estados Unidos.

Vários pesquisadores desses últimos países procuram descobrir se as reformas urbanas, no entanto, estão contribuindo para o processo de gentrificação que seria o retorno da classe média alta para as regiões centrais através da expulsão das camadas mais pobres que atualmente se apropriam dessas áreas.

Para Helena M. os autores presentes no livro consideram que a (re)conquista das regiões centrais pelas classes mais favorecidas se dá por conta de dois motivos principais: a demanda devido ao aparecimento de uma classe ligada às questões culturais os yuppies que valorizam o patrimônio histórico do Centro. E a oferta, resultante da associação entre mercado imobiliário e poder público para tornar as cidades mais competitivas no circuito global.

Neil Smith, autor do primeiro capítulo do livro, discorre acerca do processo que ocorreu em Nova Iorque. Segundo ele o processo que começou espontâneo, com a instalação de artistas nos bairros do Soho e Greenwich Village (primeira onda de gentrificação) é depois assumido pelos promotores imobiliários (segunda onda) e, por fim, torna-se uma estratégia da cidade para recuperar os antigos bairros de ocupação popular (terceira onda).


Greenwich Village, NY

Soho, NY

Segundo ele, o processo de gentrificação passa a ser parte integrante das políticas de revitalização do território, deixando de ser uma anomalia local para se tornar uma estratégia das cidades inseridas num contexto de competição global. O desenvolvimento do setor imobiliário urbano passa ser encarado como “produção” e se justifica através da criação de impostos, desenvolvimento do turismo e de grandes áreas de lazer atreladas a complexos culturais e de consumo.

Para SILVA, no Brasil, o abandono do centro pela classe média em função do surgimento de novas regiões mais dinâmicas acompanhou a migração das atividades ligadas a esta classe. Por fim, o deslocamento das esferas administrativas do poder público para outras localidades que não o centro, também contribuiu para seu esvaziamento. A região central foi, paulatinamente, sendo ocupada por classes mais populares e trazendo consigo atividades ligadas às esta classe. Aliadas ao descaso por parte do poder público, as regiões centrais se desvalorizaram perdendo a qualidade dos espaços e permitindo a visibilidade da pobreza.

Como dito anteriormente, para Helena, a implementação desses projetos que visam a requalificação das áreas centrais, começou no Brasil algum tempo depois das capitais do mundo desenvolvido, o que possibilitou uma análise dos resultados obtidos por eles. O atual discurso nacional inclui: a requalificação dos espaços através da recuperação do patrimônio histórico; melhoria ambiental - principalmente das questões referentes à mobilidade urbana; projetos que visam a integração das orlas fluviais e marítimas; incentivo ao repovoamento contemplando não só a classe média mas também as classes populares, este último será discutido mais tarde.

Para a autora, para que as políticas brasileiras de requalificação das áreas centrais não acabem por se enquadrar em discursos gentrificadores, elas devem promover a diversidade social, em contraponto à monofuncionalidade, financiar unidades habitacionais para as classes de baixa renda, fazer melhorias no espaço público e preservação do patrimônio histórico.


Imagens:
http://www.boldts.net/album/USA-New-York-SOHO.shtml
http://www.albright.onlinecommunity.com/s/914/index.aspx?sid=914&gid=1&pgid=546&cid=1166&ecid=1166&crid=0&calpgid=13&calcid=664

larissa . oberdam . renato . vivian

Comentários