Habitação na cidade tradicional X Habitação na cidade moderna
Na cidade do modelo neo-conservador, a habitação era comprimida pela “rua-corredor”, ficando restrita a pequenas áreas da cidade. Com a expansão urbana a partir da revolução industrial, o proletariado não encontra território para se estabelecer no traçado da cidade existente. A indústria e as habitações do proletariado são “rejeitados a uma zona contígua, nem urbana nem rural, a periferia, jamais assimilada pela cidade, que se deslocada para além de suas margens, à medida em que a cidade cresce.” (BENEVOLO et al, pag. 12)
O padrão habitacional burguês se baseava em um bairro residencial extensivo com casas unifamiliares com jardim, em que cada habitação adquiria uma independência espacial.
Neste período, iniciativas públicas e privadas tentam minimizar os incômodos desta situação, assimilando as habitações operárias aos blocos intensivos ou aos bairros de casas unifamiliares, sem obter sucesso.
Os modernas procuram novas alternativas construtivas, tipológicas e de implantação para resolver os problemas habitacionais. Eles acreditavam que a habitação era o ponto principal da cidade, e a partir dela, se desenvolviam as outras atividades.
As tipologias construtivas residenciais, com referências do CIAM e de Walter Gropius, possuíam três princípios básicos: superfície e cubagem mínimas, observância de padrões higiênicos (iluminação, assoalhamento, ventilação), um compartimento para cada individuo adulto.
A intenção era obter uma “comuna de habitação”, um modelo de agregação de alojamentos, integrados a serviços coletivos.
Esses novos agrupamentos são possíveis de ser idealizados devido a novas formas de construir, agrupando diversas células normalizadas e indepententes, e utilizando os Cinco pontos da arquitetura, de Le Corbusier, que indica as características básicas de um edifício moderno (pilotis, telhado jardim, planta livre, janela corrediça horizontal e fachada livre) ficou estabelecida a tipologia habitacional básica dos modernos. Por princípios de higiene, os espaçamentos entre os edifícios variavam em função de sua altura.
Com o tempo, os arquitetos modernos percebem que suas propostas são incompatíveis ao controle do solo urbano e pedem um controle público. Os “bairros extensivos”, caracterizados pela baixa densidade e o bairros proletários, pela alta densidade, conformaram uma nova cidade, que se dividia entre centro e periferia, gerando enormes disparidades territoriais.
Referências bibliográficas:
BENEVOLO, Leonardo; MELOGRANI, Carlo; Longo, Tommaso Giura. Projectar a cidade moderna. Lisboa: Martins Fontes. Coleção Dimensões.
Figura 01 - A rua-corredor da cidade tradicional
Silvia Spolaor, Luciana Castro Rodrigues e Priscila Mufumba
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