Modelos e soluções de conjuntos habitacionais 05

Implantação dos conjuntos habitacionais populares atualmente:


A habitação de interesse social, no Brasil, acontece nas periferias das cidades, seja ela produzida pelo mercado informal (favelas) ou produção pública (incentivadas por programas sociais criados pelo governo). São assentamentos na chamada “não cidade”, pois geralmente essa periferia não possui infra estrutura para receber o contingente populacional e toda a demanda de serviços que um conjunto habitacional gera. Outro conceito para esse tipo de implantação pode ser designado como expansão para “Greenfield”.

Os conjuntos são definidos como de grande densidade e nenhuma urbanidade, justamente por não oferecerem a população as condições dignas de habitabilidade, de infra estrutura e de mobilidade, devido as grandes distancias a serem percorridas. Essa chamada expansão periférica demanda ao governa altos investimentos com a mobilidade, e não contribui para a real melhoria das condições de vida da parcela alvo da população, que é de baixa renda.

O Programa minha casa minha vida, lançado recentemente pelo governo federal, está reproduzindo erros do nosso passado assim como de outros países, como Chile e México. Por estar ligado as grandes empresas, estas buscam as periferias, onde o custo da terra é menor, para implantarem seus conjuntos, completamente desconectados com a cidade. Não há cidade, no sentido intrínseco da palavra, por baixo dessa massa construída destinada a moradia. Além de contrariarem a tendencia do urbanismo atual que é de adensamento das cidades.

Quando se implanta esse tipo de empreendimento tem que se ter em mente que está se produzindo cidade, afinal 80% da cidade é composta por moradias. Estes conjuntos desconectados e distantes tornam cada vez mais caótico o cenário da cidade contemporânea. Quem tem como desafio fazer com que a política habitacional seja parte integrante da política de uso do solo evitando assim que erros se repitam e que a política habitacional não seja uma mera ferramenta de manobra do governo, e passe a fazer parte efetivamente do território da cidade.

Referência: Palestra Raquel Rolnik no Seminário Internacional Sustentabilidade e Produção em Escala de Habitação de Interesse Social, São Paulo, 2009

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