Tipologias habitacionais

Pouco se comenta sobre a arquitetura habitacional popular no Brasil, isso porque não sabemos se, elas não são consideradas dignas de atenção ou por refletirem um momento de desleixo arquitetônico e confusão política, ou por serem em pequeno numero de unidades, já que, como dissemos anteriormente, o desprezo pelo projeto arquitetônico vigorava nesta época.

Conseguimos distinguir alguns arquitetos e suas obras que, apesar das críticas para as construções realizadas na época, são consideradas de destaque



REIDY

A contemporaneamente das obras de Affonso Eduardo Reidy, projetada na concepção de Pedregulho, Rio de Janeiro 1955, introduz no Brasil um conjunto de projetos e obras de bastante significativo, baseado nos pressupostos da arquitetura moderna, lançando um verdadeiro ciclo de projetos de habitação social.

Suas obras são geralmente consideradas como as únicas dignas de destaque no campo da habitação social segundo, o caracterizando como um dos únicos projetos de interesse social válido para o período da habitação popular.

O projeto mostra a preocupação com o homem, defendendo que “habitar não se resume à vida no interior de uma casa”, propondo a composição entre moradia e o espaço externo, promovendo a instalação de serviços complementares às famílias na mesma área dos edifícios residenciais. A obra conta com técnicas de engenharia avançados para a época.


(Conjunto habitacional Pedregulho, Rio de Janeiro)


(Conjunto habitacional Pedregulho, Rio de Janeiro)

NIEMEYER

Capitaneada pela plasticidade da obra de Niemeyer e pela argumentação teórica de Costa, estabelecendo uma forte relação entre a arquitetura tradicional brasileira e a nova arquitetura, apresentamos a renomada obra residencial JK, na Praça Raul Soares, BH e o importante Residencial Copan, SP 1962.



(Conjunto residencial JK, Belo Horizonte, Minas Gerais)


(Edifício COPAN, São Paulo)


(Edifício COPAN, São Paulo)


Enquanto a visão hegemônica enfatiza exageradamente as obras de caráter monumental e único, de grande plasticidade e que, de certa forma se distanciam dos pressupostos originais do movimento moderno, sobretudo no que se refere aos objetivos de associar economia, técnica e estética para projetar o espaço habitável de toda a cidade – uma importante produção de habitação econômica e de equipamentos públicos de grande valor arquitetônico, urbanístico e social ficou até então obscurecida pela historiografia.

Uma leitura da arquitetura brasileira numa outra perspectiva de análise, no entanto, revela todo um ciclo de projetos e empreendimentos desconhecidos.

Visto todo a problemática, se produzia no Brasil, um conjunto bastante significativo de projetos e obras baseado nos pressupostos da arquitetura moderna, "um verdadeiro ciclo de projetos de habitação social", que foram encomendados a profissionais que se destacaram na fase de constituição da arquitetura moderna, como Attílio Correa Lima, MMM Roberto, Eduardo Kneese de Melo, Paulo Antunes Ribeiro e Carlos Frederico Ferreira.

A magnitude e qualidade destes projetos está nos permitindo afirmar que essas obras , longe de serem obras de exceção, seriam na verdade um ponto de chegada, o resultado culminante de uma produção pioneira de habitação social, realizada no país por órgãos públicos, como os IAPs em empresas estatais encarregadas da implantação das cidades novas e, também, por promotores privados.

Por exemplo, a edificação de grandes prédios de habitação econômica, incluindo serviços coletivos de caráter local, a semelhança das concepções da unidade de habitação de Le Corbusier, nas metrópoles brasileiras dos anos 50, como foi o caso de edifícios como Nações Unidas, Racy, Montreal, Paim, merece uma reflexão mais aprofundada e articulada com os projetos e as concepções presentes na produção de habitação desenvolvida pelo setor público.




Várias tipologias foram implantadas por todo país considerando aspectos como a forma em função da relação das circulações com as unidades, suas variações possíveis e as articulações com os demais edifícios, variações tipológicas classificam-se em cinco tipologias bem diferenciadas, no que tange a:

• o agenciamento dos espaços internos, a partir da elaboração de alternativas de programas dentro do mesmo bloco;

• as relações entre blocos de mesmo tipo, implantados isoladamente ou conjugados e as relações entre blocos diferentes;

Os cinco modelos identificados foram:

1) Os blocos compostos por uma caixa de escada para cada duas unidades.

Foi o modelo mais freqüente, contando com variações no pavimento térreo e nas implantações compostas por unidades isoladas e/ou conjugadas, neste último caso configurando edifícios laminares com acessos independentes. Baseado em modelo alemão, as siedlung, compostas por edifícios laminares que ajudam a organizar os acessos, separando pedestres e veículos em vias diferentes e como política habitacional constituem um importante modelo entre as grandes iniciativas européias de produção habitacional em larga escala.



2) Os blocos em "H" com uma caixa de escada para cada quatro unidades.

Este modelo atende o dobro de unidades do modelo anterior, com a mesma caixa de circulação vertical. Neste caso a solução típica de agenciamento das unidades é dispor as áreas mais valorizadas (salas e dormitórios) nas faces opostas às da circulação e as áreas de serviço dando para estas, aproveitando o espaço da caixa de escadas também como fosso de iluminação. O problema ocorre na orientação dos blocos que ao privilegiar um dos lados com a melhor insolação, necessariamente prejudicará o outro.




3) Blocos laminares.

Este modelo foi o que mais possibilitou variações do programa em seu interior. Embora o rendimento das circulações coletivas não seja comparável aos modelos anteriores, as possibilidades de variação e adensamento que permitem não foi motivo suficiente para que ele se difundisse como solução preferencial dos conjuntos habitacionais empreendidos pelos IAP's e muito menos daqueles realizados no período do BNH.


4) Blocos com pátio central.

Um modelo que pode ser associado à Hof vienenses, proposta habitacional que ganhou grande destaque no governo socialdemocrata de Viena, entre 1919 e 1933.

5) Blocos em "Y".

Esse esquema permite o aumento da superfície livremente ensolarada e ventilada, aliando a isso economia de circulação vertical, pois uma caixa de escada pode atender até seis unidades sem necessidade de corredores internos. A otimização deste modelo depende de um sistema de circulação vertical por elevadores para que a densidade por bloco justifique as grandes áreas necessárias para a sua implantação.

Ígor Braga - Pedro Moreira - Sabrina Claudino - Sérgio Vasconcellos

Comentários

  1. Voce deveria colocar a fonte de onde tirou as informações, para não parecer que copiou o trabalho dos outros e para que as pessoas tenham acesso ao original. Abraços.

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