Raquel Rolnik: Segregação urbana aceita na ditadura segue sendo o padrão - Viomundo - O que você não vê na mídia
Raquel Rolnik: Segregação urbana aceita na ditadura segue sendo o padrão - Viomundo - O que você não vê na mídia
por Luiz Carlos Azenha
A arquiteta Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura da
Universidade de São Paulo (FAU), está encerrando seus seis anos de
mandato como Relatora Internacional do Direito à Moradia Adequada do
Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Durante este período, ela fez 12 missões internacionais avaliando as condições de moradia no mundo.
No Brasil, ela diz que pouco mudou desde que a ditadura militar
promoveu a urbanização segregacionista, que reservou as melhores áreas
urbanas aos ricos e jogou os pobres na periferia, distantes dos serviços
públicos. Embora tenha havido avanços na Constituição de 1988, pouco
saiu do papel. O direito à posse, previsto na Carta, é atropelado sempre
que o Estado precisa de espaços para novas obras, como se viu no caso
da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. A reforma urbana foi
abandonada.
O Minha Casa, Minha Vida, tocado com dinheiro da
Caixa Econômica Federal, paga às construtoras o mesmo valor pelos
imóveis, independentemente de onde sejam construídos. Para aumentar a
lucratividade, as construtoras optam por construir em áreas distantes
dos serviços, embora tenham de atender a certas condicionalidades.
Raquel diz que, hoje em dia, por causa da globalização, os capitais
internacionais passaram a disputar a localização com os mais pobres. Ou
seja, um investidor árabe interessado em construir no Recife disputa o
terreno com o morador pobre que ocupa imóvel no centro da cidade! Sem
que haja proteção aos mais pobres, segue a gentrificação.
Na entrevista abaixo, a arquiteta fala também do fracasso das ideias
de Hernando de Soto, o economista que pregava dar títulos de propriedade
aos pobres como panaceia para todos os males. Em tese, esses títulos
permitiram aos novos proprietários ter acesso ao sistema financeiro e
sair da pobreza. Nada disso aconteceu. Aliás, as ideias neoliberais do
economista permitiram a paises desenvolvidos o desmonte de seus
programas habitacionais. Nos Estados Unidos e na Espanha, quando o
mercado imobiliário bombado artificialmente implodiu, em 2008, os bancos
foram salvos pelo Estado e os pobres perderam suas casas!
Sobre a crise urbana no Brasil, Rolnik diz que sempre existiu para os
mais pobres, mas ganhou relevância agora por ter tocado na classe média
que não consegue mais se deslocar de automóvel.
Ouçam a esclarecedora entrevista LINK
por Luiz Carlos Azenha
A arquiteta Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura da
Universidade de São Paulo (FAU), está encerrando seus seis anos de
mandato como Relatora Internacional do Direito à Moradia Adequada do
Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Durante este período, ela fez 12 missões internacionais avaliando as condições de moradia no mundo.
No Brasil, ela diz que pouco mudou desde que a ditadura militar
promoveu a urbanização segregacionista, que reservou as melhores áreas
urbanas aos ricos e jogou os pobres na periferia, distantes dos serviços
públicos. Embora tenha havido avanços na Constituição de 1988, pouco
saiu do papel. O direito à posse, previsto na Carta, é atropelado sempre
que o Estado precisa de espaços para novas obras, como se viu no caso
da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. A reforma urbana foi
abandonada.
O Minha Casa, Minha Vida, tocado com dinheiro da
Caixa Econômica Federal, paga às construtoras o mesmo valor pelos
imóveis, independentemente de onde sejam construídos. Para aumentar a
lucratividade, as construtoras optam por construir em áreas distantes
dos serviços, embora tenham de atender a certas condicionalidades.
Raquel diz que, hoje em dia, por causa da globalização, os capitais
internacionais passaram a disputar a localização com os mais pobres. Ou
seja, um investidor árabe interessado em construir no Recife disputa o
terreno com o morador pobre que ocupa imóvel no centro da cidade! Sem
que haja proteção aos mais pobres, segue a gentrificação.
Na entrevista abaixo, a arquiteta fala também do fracasso das ideias
de Hernando de Soto, o economista que pregava dar títulos de propriedade
aos pobres como panaceia para todos os males. Em tese, esses títulos
permitiram aos novos proprietários ter acesso ao sistema financeiro e
sair da pobreza. Nada disso aconteceu. Aliás, as ideias neoliberais do
economista permitiram a paises desenvolvidos o desmonte de seus
programas habitacionais. Nos Estados Unidos e na Espanha, quando o
mercado imobiliário bombado artificialmente implodiu, em 2008, os bancos
foram salvos pelo Estado e os pobres perderam suas casas!
Sobre a crise urbana no Brasil, Rolnik diz que sempre existiu para os
mais pobres, mas ganhou relevância agora por ter tocado na classe média
que não consegue mais se deslocar de automóvel.
Ouçam a esclarecedora entrevista LINK
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