Mais um dia de confronto entre a PM e moradores em Terra Vermelha 8/05/14

link  A GAZETA
Iara Diniz e Anderson Salles 

População se revoltou, jogando pedras e destruindo viaturas da corporação


Protestos e confronto com a polícia foram registrados em mais uma noite na região de Terra Vermelha, em Vila Velha. As manifestações começaram após a desocupação de terrenos privados no bairro, na tarde de terça-feira (6). Insatisfeitos, moradores entraram em conflito com a polícia.

Pedras e bombas foram atiradas contra viaturas. A 4ª Companhia da Polícia Militar também foi apedrejada. Aproximadamente mil pessoas confrontaram a polícia na noite de ontem, segundo a corporação. Esse foi o segundo dia seguido de manifestações.

De acordo com militares, a situação ficou ainda mais complicada com o aumento de jovens no grupo e foi preciso reforço para controlar asa ações no local. “Eu nunca vi algo igual acontecer em Terra Vermelha. A situação ficou difícil de ser controlada, porque o número de pessoas no grupo dobrou. Eles enfrentaram a polícia e quebraram viaturas. Depois de quase três horas de confronto, conseguimos controlar a situação”, contou um policial militar, que não quis se identificar.

Para dar apoio à Polícia Militar, policias do Grupo de Apoio Operacional (GAO), do Batalhão de Missões Especiais (BME) e das Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam) foram acionados. As equipes tiveram que usar balas de borracha para conter os grupos.
O protesto se deslocou para locais além de Terra Vermelha. No Terminal de Itaparica, em Vila Velha, passageiros ameaçaram quebrar ônibus.

Segundo a polícia, devido ao confronto no bairro, as linhas de ônibus não estão indo até o ponto final de Terra Vermelha.

Insatisfeitos, moradores reclamaram que por causa disso eles estão tendo que andar muito até chegar em casa, colocando em risco a vida deles.

Em protesto, vários passageiros iniciaram uma confusão no terminal e ameaçaram atirar pedras nos coletivos.

A polícia foi acionada e cercou o local. Depois de conversar com os manifestantes a situação foi controlada.

Famílias aguardam lugar para ficar após o despejo

Dois dias após a reintegração de posse de uma área particular em Vista Linda, na Grande Terra Vermelha, em Vila Velha, cerca de 20 famílias que foram obrigadas a deixar os barracos onde viviam, continuam no local, porém, em um outro terreno.

Camas, sofás, geladeiras, fogões, pedaços de armários estão amontoados enquanto os donos buscam um local para ficar. Nos “acampamentos” criados estão mulheres, idosos e crianças.

A primeira noite sem um teto para se abrigar foi sofrida para as famílias. Além dos mosquitos, havia o frio da madrugada e o medo de saques. Muitos preferiram nem dormir para vigiar o pouco que lhes restava. “Eu decidi ficar em alerta com medo de aparecer alguém mal intencionado e levar o resto das nossas coisas”, disse o pedreiro Uiliques Dias da Conceição, 31, que está no local com a mulher.

Fome

A dona de casa Cristina Aguiar, 35 anos, que viu sua casa ser destruída na última quarta-feira por um trator contratado pelo dono do terreno, contou que passou o dia todo ontem, sem se alimentar. “A gente não tem o que comer. Algumas pessoas ainda conseguem doações de alimentos”, disse.

Lúcia Vieira dos Santos, 43, passou a noite com a família no meio da rua, como ela mesma faz questão de frisar. “Eu e mais algumas pessoas colocamos os restos dos nossos barracos em uma rua, para não ocuparmos o terreno de ninguém”.

O proprietário do terreno onde as 20 famílias estão deu um prazo para que todos se retirem do local. “Ele conversou com a gente, não foi grosseiro. Disse que a gente tem de deixar o local até as 14 horas de amanhã (hoje). A gente vai fazer o que ele pediu”, disse Tiago Buarque, 34 anos.

Moradores cadastrados na prefeitura

Uma comissão formada por ex-moradores de Vista Linda levou até à Prefeitura de Vila Velha, nesta quinta-feira (8), uma lista com os nomes dos desabrigados. Todos foram inscritos no programa habitacional do município.

“Agora que eles estão cadastrados, serão considerados os critérios da Caixa e do Conselho de Habitação da prefeitura”, explica a secretária de Desenvolvimento Urbano de Vila Velha, Ana Márcia Erler.

Segundo a secretária, 500 pessoas já foram selecionadas para o Residencial Jabaeté, em Vila Velha. “Outras mil serão selecionadas até o final do ano”, disse.

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