Publicado em 17 de novembro de 2014 por equipe Marcelo Freixo
Nesta semana, no bairro de Guadalupe, vimos uma das faces da contradição do modelo de política habitacional em nosso estado. Um conjunto habitacional do Minha Casa, Minha Vida foi ocupado por famílias que moravam nas proximidades. No entanto, não eram famílias que haviam sido sorteadas ou selecionadas para residirem nessas unidades. Nos últimos dias, apesar das tentativas de associá-las ao tráfico, algumas desocuparam voluntariamente os apartamentos, na expectativa do restante deixar o local ainda nesta segunda-feira (17).
É importante ressaltar que o prefeito do Rio havia dito que “eles são vagabundos” e que não iria cadastrá-los no programa. As pessoas que ocuparam o conjunto moravam na favela ao lado, chamada Terra Prometida, em condições extremamente precárias. Segundo a matéria da EBC, elas esperavam há mais de dez anos por moradia. A ocupação foi uma estratégia dessas famílias de serem vistas, já que um conjunto com 11 prédios foi construído ao lado delas e não havia nenhum sinal de que seriam contempladas. Por que não reassentá-las ali? Que contradição alocar famílias de num conjunto habitacional onde seu entorno ainda existem centenas de pessoas vivendo precariamente? Como um prefeito ignora e desqualifica a legitimidade dessas famílias de reivindicar melhores condições de moradia?
Este caso ilustra como as prioridades do programa habitacional não dialogam com as urgências da população. Não é por acaso que o déficit habitacional do município tem crescido, apesar do fôlego do Minha Casa, Minha Vida. A lógica não é o direito à moradia, mas sim a do mercado.
Texto escrito por Rossana Brandão, arquiteta urbanista e integrante da equipe do Mandato Marcelo Freixo.
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