Como não gentrificar? Uma tentativa de reflexão sobre processos e estruturas Por Sabrina Duran

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O artigo chama atenção sobre uma empresa, Ben&Jerry’s do grupo Unilever, que se apropria de discursos dos 99%, ou seja, dos discursos veiculados pelos precarizados, excluídos, dos que não tomam parte do festim neoliberal. O artigo diz:
 "não foi a defesa do parque (Minhocão) em si [que chama atenção], mas a apropriação do discurso pela empresa transnacional recém-chegada ao país − que, aliás, vem se apropriando também dos discursos de outros ativismos que têm espaço na capital paulista, como a luta pela criação do Parque Augusta, do Parque do Búfalos, eventos de visibilidade LGBT, ações a favor de ciclovias e os happenings do coletivo “A batata precisa de você”. A estratégia é quase sempre a mesma daquela usada em 2011 no Zucotti Park: a Ben&Jerry’s distribui gratuitamente seus produtos em solidariedade aos ativistas e potenciais consumidores e fiadores da marca [acesse a página da empresa no Facebook e faça um tour por seus álbuns de fotos para ver os eventos de distribuição de sorvete: www.facebook.com/benjerrybr]."
"A reprodução da fala dos idealizadores do Parque Minhocão pela Ben&Jerry’s é legitimada perante o público e nele faz eco pelo ideal aparentemente comum e autóctone do sonho coletivo de uma cidade feita “para pessoas”. As raízes do sonho, no entanto, tal como ele aparece nesse e em outros discursos correntes sobre espaços públicos “mais humanos”, estão mergulhadas em ideias de intervenções urbanas realizadas em cidades europeias e norte-americanas (ver nota no link), muitas delas, inclusive, afetadas por processos de gentrificação, onde quem não podia “pagar” pelo espaço urbano humanizado por novas praças, cafés, centros culturais e de “consumo alternativo”, parklets, parques suspensos e outras amenidades, também não podia consumi-lo. “(…) com os desenvolvimentos tecnológicos, dos meios de comunicação e a influência de elites e profissionais transnacionais, padrões de consumo são reproduzidos nas cidades mais diversas de sua origem. Portanto, também é importante compreender o processo de socialização do urbanismo neoliberal no qual a promoção de novos valores é tão importante quanto seus aspectos mais materiais. (…) ao promover uma rede de ideologias que importam não só modelos político-econômicos, mas também padrões de consumo e modos de vida, o urbanismo neoliberal expande processos de gentrificação como padrões de se fazer e viver o espaço urbano”, escreve a urbanista Marina Toneli Siqueira (“Entre o fundamental e o contingente: dimensões da gentrificação contemporânea nas operações urbanas em São Paulo”, publicado em Cadernos da Metrópole no. 32)." (o artigo continua ver no link)

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