A TRANSMEDIALIDADE DO ‪#‎OcupaEscola‬ por Fabio Malino via Favebook

A TRANSMEDIALIDADE DO ‪#‎OcupaEscola‬
Rápidos insights sobre o #OcupaEscola. Fabio Malinini Labic UFES
1) Depois de junho, é o primeiro movimento transmedia, isto é, que utiliza cada ambiente de mídia online de modo estratégico e singular, escapando da prisão algorítmica do Facebook (prisão muito presente, por exemplo, nos movimentos do 15 de março). No Facebook, o movimento armou uma rede de páginas das escolas ocupadas, cuja tática de narração foi a de registrar o cuidado com o patrimônio público (isso é uma diferença brutal em relação aos movimentos de junho) e a solidariedade entre militantes e comunidade escolar (veja aí a foto da jurada do Masterchef circulando hoje. Isso demonstra que a narrativa funcionou muito). Nos momentos de maior conflito, as páginas serviram também para difundir as fotos e relatos da repressão policial contra os manifestantes. Uma das lições para a nova sociedade civil brasileira ensinada pelo #OcupaEscola: o exercício do cuidado (com o público/comum) como valor político. O cuidado é uma pista para a compreensão do protagonismo feminino dessas lutas.
2) Manteve-se no Twitter disputando a narrativa do tempo real, o que poderíamos chamar de "sincronização das lutas políticas". Qualquer movimento de rua era rapidamente tuitado pelos canais dos movimentos'. Em 30 dias, os principais perfis do mainstream político já estavam contaminados pelo tema, tendo que o tratar e difundi-lo. Resultado: 368 mil tweets em 60 dias.
3) No Youtube e Sites de vídeo livestream: comunicados oficiais, perfomances e lives dos protestos. Serviu para demonstrar uma repertório que iria além das passeatas e fechamento de avenidas, tendo as perfomances artísticas como modus operandi da expressão coletiva das causas das manifestações. Há ainda os vídeos com o playlist do #OcupaEscola (músicas, paródias e gritos próiprios), além daqueles que traziam toda a cultura da remixabilidade da rede, para demonstrar a força do movimento contra o poder constituído (pegando carona na onda "turn down for what" ou ‪#‎thuglife‬). Exemplos: isto (https://www.youtube.com/watch?v=T7MUd11laTI) e isto (https://www.youtube.com/watch?v=pQNATucOwRc). Os vídeos fora baixados e upados em dezenas de canais.
4) No Instagram, onde a tag obteve mais de 1500 imagens, tornou-se um ambiente importante para circulação principalmente de imagens contendo palavras de ordem, inscritas em centenas de cartazes (eles dominam o Instagram do Ocupa). Todas as grandes imagens do #OcupaEscola estão devidamente documentadas. Servem como epicentro do imaginário do movimento.
5) Imprensa tradicional: atropelada, de novo. Teve que cobrir os acontecimentos após o #OcupaEscola ganhar musculatura política. Foi uma cobertura burocrática, tipicamente factual. Trabalho de fôlego (e incansável) do Jornalistas Livres e do CMI São Paulo.
6) Os grafos que ilustram esse texto são, na ordem, as redes de Retweets (compartilhamentos) correspondentes aos dias (1) 05 a 12 de outubro (1400 tweets); (2) 07 a 14 de novembro (32 mil tweets) e (3) 20 de novembro a 06 de dezembro (330 mil tweets). O adensamento das relações e o protagonismos dos atores falam por si. No dia 12/12, parecia que o movimento seria localizado. Mas em um mês já contaminava a rede.
Nota técnica: os nós (as bolinhas) maiores são aqueles que obtiveram mensagens mais viralizadas no Twitter.
ps: a análise rápida da rede do ‪#‎Ocupa‬ no Facebook já publiquei aqui:
https://www.facebook.com/fabio.malini/posts/10153802878086151?pnref=story
ps2: logo que tiver um tempinho irei compartilhar todos os datasets para vocês.

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